A Medicina Chinesa tem gradualmente alcançado reconhecimento global não apenas pela eficácia cientificamente comprovada na cura e prevenção, mas também pela transformação que promove na relação entre pacientes e profissionais de saúde. Um marco significativo para a Medicina Chinesa ocorreu quando a Organização Mundial da Saúde dedicou uma área específica à medicina tradicional, complementar e integrativa. Reconhecendo o seu valor filosófico e aplicação prática no tratamento e prevenção de doenças, a OMS sublinhou o potencial desta prática milenar na sociedade contemporânea.
Mas afinal, o que distingue a Medicina Chinesa da abordagem convencional de cura? As suas principais características residem na ênfase preventiva, na visão holística do paciente como um todo integrado, e num tratamento abrangente que visa estimular a autocura através de mudanças comportamentais a longo prazo, em contraste com soluções imediatas. A procura por tratar o paciente de forma integral, abrangendo aspectos físicos, mentais, emocionais, energéticos e espirituais, sustentou a Medicina Chinesa ao longo de 5000 anos, estabelecendo o seu lugar e importância no Ocidente moderno.
Hoje, uma nova era na saúde emerge com o conceito de Saúde Integrativa. Reconhecendo a importância desta abordagem, a OMS definiu a medicina tradicional como a combinação de conhecimentos e práticas usados no diagnóstico, prevenção ou eliminação de doenças, podendo basear-se em experiências transmitidas oralmente ou por escrito. Integração é a chave para complementar tratamentos da Medicina Convencional e promover o bem-estar humano, indo além da mera ausência de doença para alcançar um estado completo de bem-estar físico, mental e social.
Para atingir este estado de saúde, a Medicina Chinesa propõe uma visão que transcende a abordagem convencional. Enquanto a medicina moderna muitas vezes trata a doença apenas na fase orgânica, a Medicina Chinesa intervém desde as fases energética e funcional, antecipando-se aos sintomas físicos detectáveis por exames laboratoriais ou de imagem.
A importância da integração entre abordagens torna-se ainda mais evidente diante da compreensão de que o ser humano não é apenas matéria física, mas também consciência e energia. Enquanto a Medicina Convencional focaliza na matéria visível, a Medicina Chinesa observa além, reconhecendo que desequilíbrios mentais e emocionais podem desencadear doenças.
Portanto, a abordagem terapêutica da Medicina Chinesa preconiza um diagnóstico que considera o paciente como um todo, incorporando estilo de vida, personalidade, e nível de consciência, exigindo dos profissionais de saúde um olhar empático e amplo.
Num contexto de Terapia Integrativa, é essencial adaptar os processos de consulta para compreender integralmente o paciente, incluindo a sua realidade econômica, social e cultural, para assim conectar todas as peças do quebra-cabeça da sua saúde. Além disso, há a necessidade de uma nova educação e consciencialização sobre a doença, entendendo-a não como um mal a ser combatido, mas como um processo de evolução e transformação pessoal, resultado de desequilíbrios emocionais e mentais que requerem atenção.
A colaboração entre Medicina Convencional e Medicina Chinesa não só revolucionará a abordagem ao corpo humano, mas também promoverá uma evolução humana com mais qualidade de vida e equilíbrio. O desafio agora reside em superar as barreiras de crenças limitantes para integrar plenamente esta visão holística de cura na consciência coletiva.
Nesta nova era, onde a doença é compreendida como a expressão visível de um processo invisível, a verdadeira cura reside na consciência. Enquanto caminhamos em direção a esta integração plena, medidas preventivas como o autoconhecimento e tratamentos energéticos emergem como ferramentas essenciais para cultivar harmonia interior e manter um organismo saudável.
Patrícia Carneiro
Artigo publicado na Revista Medicina Integrativa em novembro de 2021
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