Constelação Familiar

Constelação Familiar: Técnica ou Transformação?

Constelação Familiar: Nem Tudo É Constelável

Gostaria de partilhar uma reflexão que me parece importante, especialmente para quem procura processos de transformação pessoal e se aproxima da Constelação Familiar à procura de respostas.

Nem todos os problemas têm origem sistémica, e nenhuma técnica, por si só, é milagrosa.

A Constelação Familiar, quando não é acompanhada por um processo terapêutico que permita integração e ação consciente, pode não ser o caminho mais adequado para alcançar um verdadeiro crescimento e evolução.

 

A Ilusão da Solução Rápida

Compreendo bem o desejo por soluções rápidas — todos queremos aliviar a dor o quanto antes. Também entendo o conforto de acreditar que uma terapia nos pode “curar” sem termos de assumir a responsabilidade pela nossa vida. No entanto, essa ilusão, que tantas vezes nasce do desespero, apenas reflete uma desconexão com o autoconhecimento e um aprisionamento na matrix mental.

Partilho isto porque recentemente me deparei com uma situação em que precisei dizer não à abertura de uma constelação. Nem tudo é constelável, e esta abordagem nem sempre corresponde à real necessidade da pessoa naquele momento. Especialmente quando ela ainda está profundamente identificada com o seu “direito” de ter razão e procura, inconscientemente, aliados que validem a sua narrativa.

 

Constelação: Compreensão Não É o Mesmo que Transformação

A constelação atua a partir da mudança de postura interna em relação ao que se revela. A compreensão racional da dinâmica não é suficiente. O verdadeiro movimento de cura surge da disposição para agir de acordo com o que é mostrado — e isso exige força interior e compromisso com a transformação.

Como costumo dizer:
“Não é o que fazemos que importa, mas a postura interna com que o fazemos.”

Sem um contexto terapêutico de apoio, essa mudança torna-se difícil, pois continuamos presos aos nossos padrões inconscientes — aos velhos modos de pensar e de sentir que sustentam o sofrimento.

 

Quando o Sintoma É Só a Superfície
Muitas vezes, os “problemas” que trazemos são apenas sintomas. E se já tivéssemos o nível de consciência necessário para os resolver, provavelmente não se tornariam dolorosos. O sofrimento, na sua essência, é  um convite ao crescimento e ao salto de consciência.

Há uma sabedoria tranquila nas palavras de Joko Beck: “A vida sempre nos dá exatamente o professor que estamos a precisar a cada momento.” E esse professor é precisamente a situação difícil que estás agora a viver.

 

Um Caso Real: Dívidas e Julgamento

Lembro-me de uma pessoa que me procurou para constelar um tema relacionado com dívidas. Através da sua energia e narrativa, rapidamente se tornou evidente que a raiz do problema era uma postura interna de julgamento em relação ao pai. Na sua dimensão infantil, sentia que o pai lhe “devia” algo. Essa perceção inconsciente projetava-se na vida adulta, manifestando-se em frases internas como: “alguém me deve”, “sou devedor”, “estou em dívida com…”

Estava presa no triângulo dramático de Karpman — Vítima, Salvador e Acusador — uma dinâmica infantil que perpetua padrões e sofrimento. Nestes casos, é fundamental um trabalho terapêutico que ajude a expandir a perceção e a assumir o papel de “herói” da própria jornada. Só assim a pessoa pode libertar-se da necessidade inconsciente de manter o “ganho secundário” de permanecer num lugar que, embora desconfortável, ainda lhe oferece alguma forma de compensação.

Lembremo-nos: tudo aquilo que ainda não conseguimos mudar na nossa vida … de alguma forma, ainda nos traz um ganho — mesmo que seja inconsciente.

 

A Raiz Está no Pensamento

Partilho esta história para lembrar que, por vezes, o verdadeiro caminho começa na humildade de reconhecer que, se há um problema, há também um pensamento distorcido por detrás.
Como pensamos determina o impacto que as situações terão sobre nós. A evolução começa quando mudamos a perspetiva — quando olhamos os desafios de outro ângulo, transformando a nossa realidade interna.

Nas palavras de Louise Hay:
“Eu não resolvo os meus problemas. Eu corrijo os meus pensamentos. Então, os problemas se resolvem.”

 

Um Tempo de Reprogramação Mental

E como saber se os nossos pensamentos nos estão a prejudicar?
Talvez já estejas a sentir os efeitos das energias desafiantes que se iniciaram em 26 de maio de 2024, ligadas ao lado sombra do arquétipo de Gémeos: superficialidade, mentiras, falsidade, difamação, instabilidade, dispersão e sobrecarga mental.

Se te reconheces neste estado, é sinal de que te conectaste à expressão menos evoluída deste arquétipo. Gémeos pertence ao elemento Ar, que simboliza a mente — e quando esta se torna caótica, é sinal de que algo precisa de mudar.

Talvez a tua mente te esteja a enganar. Talvez esteja a operar num padrão destrutivo. E isso é um convite claro à reprogramação interior.

Até novembro de 2025, teremos a oportunidade de rever ideias, romper com velhas certezas e abrir espaço para novas formas de pensar. Será um período de teste à nossa flexibilidade mental e capacidade de transformação interior.

 

Quem Está ao Comando?

E surge aquela pergunta que tanto gosto de fazer: Estás identificado com a tua mente ou já consegues usá-la como uma ferramenta ao teu serviço?

Quem está realmente ao comando da tua vida?

 

Com carinho,

Patrícia

asd