O que torna tão desafiante o caminho do autoconhecimento — aquele que vai além do ego, que mergulha para lá da mente racional e do que os olhos conseguem ver?
A resposta é simples.
O ego constrói-se como uma armadura — uma estrutura de defesa erguida para nos proteger das dores e feridas acumuladas ao longo da vida, muitas vezes guardadas no inconsciente.
Quanto mais sólido é esse ego, mais espessas são as suas camadas de proteção — e, por isso, mais desafiante se torna atravessá-las e tocar na essência autêntica que habita por baixo de tudo.
Por outro lado, quanto mais fortalecida está a alma — o Self — maior é a coragem de atravessar uma etapa inevitável deste processo: o sofrimento.
Mas que sofrimento é este?
É o processo de desmantelar o ego — a estrutura que, por tanto tempo, nos protegeu.
É como um processo de fénix: morrer para renascer. Uma metamorfose profunda e transformadora.
Um processo de desconstrução interior. Um parto da alma.
Por isso, podemos dizer:
Nota: Quando falo em “ego forte”, não me refiro à estrutura do ego em si (necessária à vida prática), mas à identificação inconsciente com ele — ou seja, quando confundimos “quem somos” com as defesas, máscaras e papéis que adotámos ao longo do tempo.
Cada alma tem o seu próprio ritmo de evolução.
Há almas jovens, outras mais maduras; umas trazem mais recursos internos, outras ainda estão a aprender a suportar certas energias.
Não se pode exigir que uma alma mais fragilizada entre em contacto com energias que ainda não tem maturidade ou estrutura interna para suportar.
Como bem diz Morpheus, em Matrix:
“Você precisa entender: a maioria destas pessoas não está preparada para despertar. Muitas estão tão inertes, tão desesperadamente dependentes do sistema, que lutarão para protegê-lo.”
A mente condicionada resiste à mudança.
O sistema — externo e interno — cria uma falsa sensação de segurança.
Despertar significa romper com o automatismo.
Significa questionar a identidade construída sobre crenças, feridas e desejos do ego.
Mas muitos ainda optam pela ‘pílula azul’: a ilusão confortável em vez da verdade libertadora — afinal, a liberdade tem um preço, e é bem cara.
Se estás a ler este texto, é porque, em algum lugar dentro de ti, a tua alma já despertou.
Mesmo que o salto ainda não tenha sido dado, já há uma semente viva à espera de se revelar.
Tudo começa com um passo de coragem.
Coragem para suportar a pressão interna da mudança — a mesma pressão que, com o tempo, te moldará numa energia rara, autêntica e preciosa.
Mas é essencial reconhecer em que ponto da jornada estamos.
Vejo isso com frequência em consulta: há quem carregue dentro de si um diamante valioso, mas que ainda se encontra numa fase em que precisa de ser cuidado.
E há também quem queira forçar a entrada num processo que exige uma bateria cheia de autoafeto — e acabam por se esgotar.
Saber onde estamos é tão importante quanto saber para onde queremos ir.
Ainda precisamos de ser cuidados?
Ou já estamos prontos para sermos desafiados a evoluir?
Agora, permitam-me brincar um pouco com estas ideias, ligando-as à energia dos signos — numa ordem de maior dificuldade para o contacto com o self:
Nota: Não me refiro ao signo solar. Fala-se aqui do ego como um todo.
Sugestão: No teu mapa natal, observa em que signo se encontra a tua criança interior. Reconhece a energia que ela carrega — essa mesma energia influencia (e por vezes dificulta) o teu processo de despertar.
Espero que esta reflexão ajude a compreender, de forma simples e descomplicada, porque é tão difícil vermos a realidade para além daquilo que a nossa mente nos permite perceber — e, sobretudo, porque é preciso coragem para renascer.
Com carinho,
Patrícia
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